Muitos pais já devem ter passado por aquela situação em que precisam dizer “não” aos filhos. Seja, por exemplo, quando a criança se recusa a ir à escola, pede para jogar videogame até tarde, para comer um doce antes do almoço, entre outras. 

Para Karin Kenzler, psicóloga do Colégio Humboldt, os pais devem ensinar os filhos a lidar com a frustração. “O ideal é aprender a postergar a realização do desejo e até mesmo, quando não é possível realizá-lo, viver bem, apesar desta frustração. Nós adultos sabemos como é difícil acordar cedo, mas postergamos esse desejo para aproveitar o fim de semana, quando podemos acordar mais tarde”, descreve. “Ou seja, dá para ser feliz com as obrigações, compromissos e limitações que temos. Precisamos ensinar isso, desde cedo, para as crianças”, defende.  


Passo a passo 
Karin lista três passos para ensinar as crianças a lidarem com o “não”. O primeiro deles é se solidarizar com o desejo da criança, visando criar identificação e empatia. “Diga: ‘concordo que é difícil sair da cama cedo para ir à escola. Também estou com vontade de dormir mais um pouco’”, sugere.

O segundo passo é listar as preocupações que nos vêm à mente em relação à realização desse desejo. Ou seja, mostrar que há limites para o que se almeja. “Diga: ‘mas se eu faltar no trabalho pra dormir levaria uma advertência do meu chefe. e você perderia a brincadeira com os colegas que estarão te esperando’” ensina.

Em terceiro lugar, pais e criança podem pensar em saídas e soluções. É preciso fazer com que a criança também comece a refletir para além do desejo dela, buscando alternativas. “Pergunte a ela o que podem fazer diante dos fatos dados. Por exemplo: Daqui a dois dias será sábado. O que acha de irmos hoje e combinarmos de dormir até tarde no sábado e tomar café na cama?”, sugere.

Por fim, se não houver uma solução satisfatória, mostre resignação diante do limite. Que é possível aguentar e seguir em frente. “Por exemplo, fale: teremos que ser muito guerreiras pra aguentar e vencer essa semana. Que tal comemorarmos, quando ela acabar, com um jantar ou passeio?”


Pais são parâmetros
Segundo a psicóloga, o objetivo da conversa deve ser ensinar a criança a enxergar os prós e contras da situação, assim como ajudá-la na tomada de decisão. Os parâmetros de uma criança são os pais. Eles não devem ser permissivos ou autoritários em excesso, pois são atitudes prejudiciais.

“Limites são frustrações e crianças criadas sem limites tornam-se mimadas, inseguras, confusas e com intolerância à frustração, podendo virem a se tornar adultos que desistem diante do primeiro obstáculo ou que não tem resiliência”, pondera Karin. Em outras palavras, quem sabe lidar com frustração “tem mais chances de ser uma pessoa feliz”, finaliza.