
As regras estabelecidas em casa sobre o álcool, o exemplo dado pelos adultos e a qualidade do vínculo entre pais e filhos são fatores que influenciam diretamente a forma como crianças e adolescentes irão lidar com a bebida ao longo da vida.
Um estudo publicado em 2006 na Revista de Psicologia e Psiquiatria da Criança, com 416 famílias com filhos adolescentes, mostrou que ter regras claras e consistentes sobre o uso de álcool reduz significativamente a chance de os jovens começarem a beber precocemente. A mesma pesquisa também indicou que os hábitos dos próprios pais em relação à bebida — como limitar o consumo a ocasiões especiais ou manter regras para si mesmos — funcionam como fator de proteção. Ou seja, quando os adultos demonstram equilíbrio e responsabilidade em seu comportamento, os filhos tendem a seguir o mesmo caminho.
Outra pesquisa, publicada em 2023 na Revista Psicologia, Conhecimento e Sociedade, do Uruguai, reforça essas conclusões. O estudo identificou que pais que combinam disciplina com cuidado e diálogo ajudam a reduzir os riscos de uso precoce e abusivo de álcool. Em contrapartida, estilos de criação baseados apenas em ordens e punições, ou com pouco envolvimento e atenção, aumentam a vulnerabilidade dos adolescentes ao consumo da substância.
A importância dos bons exemplos masculinos
O comportamento dos adultos dentro de casa, especialmente dos homens, também deve ser observado com atenção. Diversos estudos apontam uma forte ligação entre os padrões culturais de masculinidade e o consumo de álcool. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 revelaram que 82,6% dos grandes consumidores de bebidas alcoólicas no Brasil eram homens. Esse dado ressalta a importância de os pais — sobretudo figuras masculinas — refletirem sobre o exemplo que estão transmitindo aos filhos, não apenas com palavras, mas com atitudes concretas diante da bebida.
Pais e mães que desejam proteger seus filhos do consumo precoce de álcool podem adotar algumas estratégias simples, como: estabelecer regras em conjunto com os jovens, conversar abertamente sobre os riscos do álcool e manter um canal de diálogo constante. Atitudes que fortalecem o vínculo familiar e ajudam os adolescentes a desenvolver responsabilidade e autoconfiança para tomar decisões mais saudáveis no futuro.