
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 3 milhões de nascimentos acontecem no Brasil anualmente, sendo 98% deles em ambientes hospitalares. Apesar de não haver uma estatística oficial, estima-se também que sejam realizados 40 mil partos domiciliares por ano. “O parto domiciliar tem o objetivo principal promover um nascimento mais natural e humano, em ambiente familiar, evitando intervenções que muitos julgam desnecessárias”, afirma Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP.
Os benefícios incluem autonomia da mulher, conforto emocional, respeito às decisões da gestante, menos uso de medicações, menor risco de infecções hospitalares e poder de decidir quem assistirá ao parto.
“No pós-parto, a mulher pode tomar banho no seu chuveiro, deitar na sua cama, comer a comida de casa, receber as visitas que quiser, no momento que quiser, com a tranquilidade de estar no seu próprio ambiente”, pontua.
“O bebê nascerá no ambiente em que viverá depois, com todas as bactérias com as quais ele terá contato na vida, o que é importante para reforçar o seu sistema imunológico”, reforça o médico.
Riscos devem ser considerados
“O problema é que nunca sabemos como irá se desenrolar um trabalho de parto. Mesmo em uma gestação de baixo risco, cujo pré-natal foi adequado, há situações imprevisíveis durante o parto que podem ser fatais”, diz Carlos Moraes.
Os riscos são dificuldades na contração e na dilatação uterina. “Caso contrário, pode ocorrer necessidade de uma cesárea”, afirma o médico.
Há ainda possibilidade de o cordão umbilical enrolar no bebê e impedir sua oxigenação, situação normalmente descoberta no momento do parto. Pode ocorrer alterações na placenta, hemorragia uterina e diminuição da oxigenação do bebê na fase final do nascimento.
“Outra grave complicação é a hipóxia intrauterina, quando o bebê tem perda de oxigenação ainda dentro do útero”, pontua.
Carlos pontua cinco critérios que devem ser considerados antes de escolher o parto domiciliar:
1) Deve ser realizado por enfermeiros especialistas ou médico obstetra
“Todos devem ter conhecimento de ações de emergência, caso seja necessário. O ideal é que haja, no mínimo, um profissional de saúde para cuidar da gestante e outro para cuidar do bebê, além de um terceiro para dar assistência aos dois”, analisa.
2) É indicado somente em gestações de baixo risco
Ou seja, quando não há patologias maternas ou no bebê. “Ele não é recomendado nos casos de: gravidez de gêmeos, quadro de diabete gestacional, doenças cardíacas, doenças renais, hipertensão, pré-eclâmpsia, pneumopatias, malformação ou doença congênita do bebê e alterações anatômicas na bacia, como estreitamento”, lista o médico.
3) Bebê deve ser monitorado
É fundamental a monitorização constante de temperatura, pulso, pressão sanguínea e batimentos cardíacos do feto. “Também deve haver fios de sutura, anestésico local, fórceps ou material de reanimação para o bebê, caso seja necessário”, afirma Moraes.
4) O material deve ser descartável.
Incluindo os lençóis. “Já o ambiente precisa estar limpo e aquecido para receber o bebê”, lembra Moraes.
5) Deve haver um hospital perto
As gestantes que optam por parto domiciliar devem ser informadas sobre os seus riscos e benefícios, e garantir transporte seguro e rápido para os hospitais mais próximos, caso seja necessário.
“O ideal é estar a uma distância máxima de 15 minutos de um centro hospitalar capaz de receber urgências maternas-infantis”, recomenda o médico.