
Conviver com animais beneficia as crianças, ajudando-as a desenvolverem competências que serão importantes na vida adulta. Segundo Danielle H. Admoni, psiquiatra geral da Infância e adolescência, o desenvolvimento infantil depende de estímulos.
“Apenas 30% dele é genético e 70% dependem de brincadeiras, atividades e exercícios. Principalmente até os 3 anos de idade”, explica. “Quanto mais estímulos ao cérebro, mais conexões neurológicas se formam. E a espontaneidade na relação da criança com os animais favorece essa evolução em diversas esferas”, enfatiza.
Vale lembrar que também haverá situações em que a criança poderá sentir raiva ou frustração, caso o animal não a obedeça ou morda.
“Provavelmente, a primeira reação dela será de querer bater ou gritar. É aí que os adultos devem interceder e explicar que o animal não sabe o que está fazendo e orientar a criança de forma a aprender a lidar com ele com respeito e dedicação”, ensina Admoni.
Confira quatro áreas que melhor se desenvolve quando as crianças estão em contato com animais de estimação!
1) Benefícios físicos
Estudos da Universidade St. George, no Reino Unido, mostraram que crianças que interagem com seu animal tendem a não desistir com facilidade de atividades que julgam difíceis.
“Junto ao animal, a criança tenta novamente, com persistência, até conseguir realizar seu objetivo, de maneira que nenhum programa de televisão, jogo, videogame ou brinquedo conseguiu estimular”, justifica Admoni.
Além disso, há maior desenvolvimento motor. “A parceria incentiva a realização de atividades de coordenação motora global – como engatinhar, ficar em pé, andar, equilibrar-se, correr, subir e descer escadas - e atividades de coordenação motora fina, como desenhar, pintar e segurar objetos pequenos”, acrescenta.
2) Benefícios psicológicos
Um estudo realizado pela Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos, acompanhou 643 crianças de quatro a dez anos por 18 meses e concluiu que as crianças que convivem com animais têm menos probabilidade de sofrer de ansiedade infantil.
Já outra pesquisa, feita pelo The Human Animal Bond Research Institute (HABRI), nos Estados Unidos, mostrou que 74% das crianças com pets têm um maior bem-estar mental.
“Alimentar, educar, treinar e cuidar do bichinho auxilia na distração da mente, tirando o foco de pensamentos negativos. Isso faz a criança se sentir mais segura, confiante, útil e valorizada, ajudando na sua autoestima”, pontua a psiquiatra.
Além disso, o pet ajuda a criança a se sentir competente e responsável na hora de realizar tarefas cotidianas. “Os animais proporcionam experiências que envolvem paciência, autocontrole, respeito e autonomia”, completa a especialista.
3) Benefícios sociais
Segundo um estudo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, crianças que têm vínculo forte com os pets ajudam mais aos outros, aprendem a dividir e interagem mais. A pesquisa analisou o comportamento de crianças de dois a 12 anos de idade.
Quando uma criança convive com algum animal, ela aprende a fazer leitura corporal, um elemento fundamental para a empatia, que é a capacidade de compreender o sentimento ou a reação do outro. Assim, ela passa a enxergar o próximo com mais facilidade, como alguém com características e sentimentos diferentes dos seus.
“Isso estimula a criança a não ser egoísta, a não olhar apenas para si mesma, tornando-se um ser humano mais compreensivo”, analisa Admoni.
O animal também favorece a aproximação entre pessoas. Crianças mais tímidas, diante de situações novas e com pessoas desconhecidas, tendem a se fechar. “A presença do pet retira o foco de atenção à criança, fazendo-a se sentir mais relaxada e segura para se relacionar com os outros”, completa.
4) Benefícios cognitivos
O processo de cognição envolve o desenvolvimento de linguagem, pensamento, raciocínio, memória, atenção, percepção e imaginação.
“É nessa área do desenvolvimento que a criança percebe o ambiente externo em que vive e que nos relacionamos. Este processo passa por fases, sendo que a passagem de uma para outra depende dos estímulos que a criança recebe e da reação própria sobre esse novo conhecimento”, informa a psiquiatra.
Pesquisas da Academia Americana de Neurologia mostram que as crianças que interagem constantemente com os animais apresentam maior desenvolvimento cognitivo, obtêm pontuação maior em testes de QI (Quociente de Inteligência), melhoram o rendimento na leitura e possuem mais criatividade.