
A síndrome de Asperger é parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA), sendo considerada um tipo de autismo brando. Segundo dados do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), uma a cada 59 crianças em todo o mundo é acometida por esta condição.
Chamada de autismo leve ou autismo nível 1, ela provoca os mesmos sintomas do autismo clássico, mas em uma escala menor, afetando o neurodesenvolvimento, gerando dificuldade de comunicação e socialização, uso da imaginação para jogos simbólicos e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.
“O transtorno pode ser identificado na infância, sendo mais comum em meninos do que em meninas. Ele não tem relação com etnia ou raça, nem com padrão social”, afirma Danielle H. Admoni, psiquiatra da Infância e Adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP.
O diagnóstico começa pela observação do comportamento da criança. “Ela costuma ter atitudes incomuns, como empurrar uma pessoa para atrair atenção ou falar sem parar sobre um único assunto, sem perceber se a outra pessoa está interessada a ouvir”.
Outros sinais que ajudam a identificar a condição são:
- Ao falar com alguém, não olha nos olhos. Costuma observar outras partes do corpo da pessoa, menos os olhos;
- Tem dificuldade com a comunicação não verbal: não gesticula ao falar, tem expressões faciais limitadas e inexpressivas, e olhar fixo característico;
- Costuma ter uma linguagem excessivamente formal ou monótona;
- É desorganizado e tem dificuldade para resolver e finalizar tarefas, incluindo o trabalho escolar;
- Tem movimentos motores descoordenados;
- Costuma ser muito sensível a ruídos, odores, gostos ou informações visuais, podendo gerar irritação;
- Tem dificuldade para identificar quando alguém está provocando ou fazendo ironias;
- Tem rotinas e rituais repetitivos, e fica muito incomodado ou desconfortável quando sua rotina muda.
Apoio familiar
Tanto o diagnóstico como o tratamento exigem a participação de uma equipe multidisciplinar, envolvendo fonoaudiólogo, psiquiatra, psicólogo e neurologista. Como o transtorno não tem cura, os objetivos dos tratamentos são controlar os sintomas, melhorar a interação social e trabalhar possíveis dificuldades de aprendizagem.
“Muitas crianças demonstram inteligência média ou acima da média, e não têm uma deficiência total de competências linguísticas. Por isso, embora precisem de auxílio para processar a linguagem, algumas conseguem se expressar muito bem, chegando à vida adulta com um bom grau de independência, mesmo com dificuldade para interagir socialmente”.
A família pode apoiar a criança por meio de medidas no dia a dia:
- Estabeleça horários/limites para aquelas atividades repetitivas e sugira outras tarefas;
- Estabeleça horários para as atividades cotidianas, como fazer lição de casa, refeições, tomar banho, dormir, entre outras;
- Seja bem claro nas instruções;
- Use palavras simples e precisas;
- Evite usar expressões figurativas;
- Se for preciso, repita quantas vezes forem necessárias;
- Não fale alto e tampouco gritando;
- Não faça ameaças ou promessas em vão;
- Parabenize a criança por suas realizações, especialmente as sociais.