Filhos | Como lidar com a dependência emocional dos filhos quando se trabalha fora?




Muitas mulheres com bebês e crianças pequenas precisam tomar uma difícil decisão: com quem deixar os filhos na hora de voltar ao trabalho fora de casa? Para o filho, esse corte na rotina diária pode não ser fácil.

De acordo com educadora Stella Azulay, CEO da Escola de Pais XD, a mãe representa nutrição, proteção, conforto, amor e carinho para a criança. “Portanto, neste período de ‘afastamento’, é normal a criança sentir falta da mãe, ter medo e mudar o comportamento”, aponta.

Transmitindo segurança
Para deixar seu filho mais seguro, é indicado mostrar desde cedo que outras pessoas também estão prontas para cuidar dele. “Deixe-o mais tempo com os avós ou com os padrinhos e aproveite para passear e cuidar-se”, aconselha Azulay.

Com o tempo, a criança vai perceber que a mãe retorna depois da ausência e isso será benéfico para todos.

Outro cuidado é o momento de sair de casa. “Sempre se despeça e explique que vai voltar. Se você for embora sem falar com seu filho, ele não entenderá, e isso pode gerar insegurança e perda de confiança”, recomenda.

“Mesmo que seja um bebê, converse com ele. Diga que precisa ir trabalhar ou fazer alguma coisa na rua, mas que irá retornar”, acrescenta.

Além disso, quando deixar a criança na escola ou com outra pessoa, não demonstre tristeza ou angústia. “Qualquer sentimento que você tiver irá transmitir ao seu filho. Portanto, seja firme. Diga que o ama, que ele ficará bem e que mais tarde irá buscá-lo”, orienta a especialista.

De acordo com a especialista, outra forma de estimular a independência da criança é fazer com que ela valorize o seu próprio espaço. “Deixe claro que ela tem a sua cama, o seu quarto e os seus objetos. Concessões podem ser feitas, como dormir uma noite ou outra com os pais. Mas é fundamental que ela já comece a ter noções de discernimento e entenda que certas coisas não podem ser feitas sempre que ela tiver vontade”.

Também incentive a realização de tarefas que ela já possa fazer sozinha, como escovar os dentes, se vestir e tomar banho. “Se ela estiver com receio de realizar alguma tarefa, primeiro entenda a razão deste medo e a encoraje a enfrentar a situação. É importante que a criança já saiba que virão outros medos ao longo da vida, mas que ela esteja preparada para encará-los e tentar superar”.

Excesso de zelo é prejudicial
Segundo Stella Azulay, crianças criadas com excesso de zelo podem ter ainda mais dificuldade de se adaptarem à ausência da mãe.

“O excesso de zelo é quando a mãe dá tudo o que o filho quer, tem dificuldade de dizer ‘não’ e de impor limites à criança. O carinho e a atenção dos pais são fundamentais, mas a falta de limites torna a criança mimada, insegura e irresponsável. Os filhos precisam entender, desde a infância, até onde podem ir, e que as cobranças fazem parte da vida”.

De acordo com a educadora, é na fase pré-escolar (2 a 6 anos) que a criança começa a explorar mais o mundo, e sente curiosidade em descobrir coisas novas, o que faz com que ela possa assumir riscos. Esses riscos devem ser supervisionados, mas permitidos, desde que não envolva situação de risco real.

A profissional explica que o excesso de zelo, com o tempo, pode levar a criança a ser mais tímida, mais medrosa e achar que as coisas só darão certo se a mãe estiver por perto. Stella afirma que, muitas vezes, a mãe não percebe essa dependência que ela mesma criou.

“A criança também não tem a percepção de que está muito dependente. Pelo contrário. Ela não tem desafios e obstáculos, o que torna sua vida uma zona de conforto. Essa é a hora de fazer uma reflexão: será que o excesso de proteção não está prejudicando o amadurecimento e a independência do meu filho?”, finaliza.








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