
Uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria da USP apontou que aproximadamente 26% de crianças e adolescentes brasileiros com idade entre cinco e 17 anos apresentam ansiedade e depressão, necessitando de tratamento especializado. Por sua vez, levantamento do Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF), em parceria com o Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC), revelou que 60% dos jovens entre os 12 e os 18 anos se queixam de problemas relacionados à saúde mental.
A psiquiatra da Infância e Adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP, Danielle H. Admoni, ajuda os pais a reconhecerem alguns sinais que merecem atenção.
Autolesão ou comportamento autodestrutivo
É quando há uma tendência a se machucar intencionalmente. “Normalmente, a autolesão está relacionada à incapacidade de gerir as emoções, fazendo da dor uma maneira de camuflar os pensamentos dos quais ele não sabe lidar”, explica a médica.
“O comportamento também pode ser uma forma negativa de querer chamar a atenção, como um pedido de ajuda”.
Isolamento no mundo virtual
É quando as telas se tornam a maior - e talvez a única- fonte de prazer, fazendo com que o jovem perca o vínculo com as pessoas e deixe de vivenciar as experiências do mundo real.
Dores e alterações no organismo
Sentir mal-estar frequentemente e sem causa específica, pode ser sintoma de depressão ou outro transtorno. “O indivíduo costuma sentir dor nas articulações e nos membros, dores nas costas, problemas gastrointestinais, cansaço excessivo, alterações da atividade psicomotora e alterações do apetite - seja comendo mais do que o normal ou menos que o de costume”, alerta.
Alterações de humor
Alterações de humor são algo normal, pois é impossível ser alegre sempre. Porém, se a criança ou jovem apresenta sentimentos contínuos de desânimo, tristeza, culpa, desmotivação, choro excessivo, apatia, irritação, baixa autoestima, angústia e inquietude, a ponto de atrapalhar suas atividades do dia a dia, é sinal de alerta para um possível transtorno.
Sono ruim
Está presente no quadro de diversos transtornos, incluindo a depressão. Fique atento tanto na insônia como na hipersonia, quando há sonolência diurna excessiva ou duração excessiva do sono.
Queda no rendimento escolar
Transtornos como a depressão mudam o modo e a velocidade do raciocínio e da concentração.
Como acolher?
“Nunca menospreza o que seu filho está sentindo. Mostre que você entende seus sentimentos. Essa postura fará com que ele sinta abertura para expor suas emoções”, explica a médica.
“Quando ele lhe procurar, dê total atenção. Ouça tudo até o final, sem interrupções. Deixe para emitir suas opiniões somente quando tiver certeza de que ele disse tudo o que precisava. Por fim, seja sempre afetuoso e mostre que você é um suporte”, finaliza Danielle Admoni.