Filhos | Superproteção pode anular autonomia da criança, explica educadora



De acordo com uma pesquisa da Universidade de Minnesota, no Estados Unidos, pais superprotetores podem fazer com que os filhos se tornem menos capazes de lidar com suas emoções e enfrentar desafios exigidos durante o seu desenvolvimento.

Segundo a educadora e especialista em neurociência comportamental, Stella Azulay, querer proteger as crianças é um comportamento natural e necessário. “Já a superproteção é querer colocá-lo numa bolha, privando de conhecer o mundo real, de passar por frustrações, de ter poder de escolhas e decisões”, diferencia.

Ela explica que é na fase pré-escolar (dos dois aos seis anos) que a criança sente curiosidade e começa a explorar mais o mundo. “Haverá riscos que devem ser supervisionados, mas permitidos, desde que não envolva situação de perigo real. Isso é importante para que a criança tenha iniciativa e independência”, revela.

“Se cada vez que ela ouvir ‘deixa que eu faço’, ‘você não vai conseguir fazer sozinho’, ‘você é pequeno demais’; sua capacidade de evoluir e de ter interesse por novas descobertas será totalmente inibida”, aconselha.

Isso pode levar a mais timidez, medo e sensação de que coisas só darão certo se a mãe ou o pai estiver por perto. “Muitas vezes, os próprios pais não percebem essa dependência que eles mesmos criaram. A criança também não tem a percepção de que está muito dependente. Pelo contrário. Ela não tem desafios e obstáculos, o que torna sua vida uma zona de conforto”, completa.

Para a especialistas, o primeiro passo é os pais refletirem se estão superprotegendo seus filhos. “Esta forma de educar trará consequências frustrantes em sua vida adulta, tanto na questão pessoal como profissional”, alerta.

“Conforme a criança cresce e desenvolve novas habilidades, a sua interação com o ambiente possibilita que ela adquira maior autonomia em relação aos pais, aprimorando gradativamente suas competências e proporcionando confiança em si mesma. Daí a importância de validar e motivar essa confiança”, completa.

Para ela, é normal os pais e a criança sentirem medo. “Mas é preciso permitir que seu filho passe por situações de impotência, de tristeza e por momentos que requerem resiliência e determinação”, diz.

“Também que ele arque com as consequências de seus comportamentos, pois somente dessa forma é que se desenvolve o que chamamos de repertório de enfrentamento, o que leva à construção da autoconfiança e da autoestima”, finaliza.







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