
Crianças criadas com excesso de zelo podem desenvolver insegurança e dificuldades para se adaptar à ausência da manhã.
“Excesso de zelo é quando a mãe dá tudo o que o filho quer, tem dificuldade de dizer ‘não’ e de impor limites à criança. O carinho e a atenção dos pais são fundamentais, mas a falta de limites torna a criança mimada, insegura e irresponsável”, alerta Elaine Di Sarno, psicóloga de São Paulo (SP) com especialização em Avaliação Psicológica.
“Os filhos precisam entender, desde a infância, até onde podem ir e que as cobranças fazem parte da vida.”
Timidez em excesso
Entre os dois a seis anos, a criança começa a explorar mais o mundo à sua volta, sentindo curiosidade em descobrir coisas novas. Assim, há um aumento nos riscos, que podem ser supervisionados pelos responsáveis.
“Podem ser permitidos se não envolvem perigo real. Isso é importante para que a criança tenha iniciativa e independência”, informa.
“Se cada vez que ela ouvir ‘deixa que eu faço’, ‘você não vai conseguir fazer sozinho’, ‘você é pequeno demais’; sua capacidade de evoluir e de ter interesse por novas descobertas será inibida”, contrapõe Sarno.
As consequências são excesso de timidez, medo e pensamentos de que as coisas apenas darão certo se a mãe estiver por perto.
Nem sempre mãe e filhos percebem tal dinâmica.
“Vale refletir: será que o excesso de proteção não está prejudicando o amadurecimento e a independência do meu filho?”, questiona.
“Esta forma de educar trará consequências frustrantes em sua vida adulta, tanto na questão pessoal como profissional”, apresenta Elaine.
A autoconfiança
Para fortalecer a autoconfiança das crianças, mostre que outras pessoas também são capazes de cuidar dela. Ao sair, sempre se despeça e explique que retornará.
“Deixe-a mais tempo com os avós ou padrinhos, aproveitando para fazer programas de lazer e se cuidar. Com o tempo, a criança vai perceber que a mãe se ausenta, mas volta, e isso será benéfico para todos”, recomenda.
Ao deixar a criança na escola ou com outra pessoa, não demonstre tristeza ou angústia. “Qualquer sentimento que você tiver irá transmitir ao seu filho. Seja firme e diga que o ama, que ele ficará bem e que mais tarde irá buscá-lo”, resume.
Tarefas de casa
Vale ainda incentivar a criança a valorizar o seu próprio espaço e objetos. “Envolva-a nas tarefas de casa que pode ajudar sozinha, como escovar os dentes, se vestir e tomar banho”, explica.
“Peça ajuda em funções que sejam apropriadas à idade dela, seja arrumando a mesa, guardando os brinquedos, regando as plantas, dando comida ao cachorro, entre outras. Isso ajudará no seu desenvolvimento”, recomenda.
“Se ela estiver com receio de realizar alguma tarefa, primeiro entenda a razão deste medo e a encoraje a enfrentar a situação. É importante que a criança já saiba que virão outros medos ao longo da vida, mas que ela esteja preparada para encará-los e tentar superar”.