
A endometriose é uma doença ginecológica inflamatória e crônica, que se manifesta principalmente durante a idade reprodutiva. Ela é caracterizada pela presença de células do endométrio – mucosa que reveste o interior do útero – e em outros órgãos fora da cavidade uterina, como trompas, ovários, intestinos e bexiga.
Segundo a Comissão Nacional de Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), uma a cada dez brasileiras sofrem com a enfermidade.
“O problema é que as mulheres já associam dor e cólicas no período menstrual como algo comum e acabam não buscando atendimento médico. No entanto, a endometriose é uma doença evolutiva, que começa com pequenos ‘focos’. Se a paciente não se tratar o quanto antes, o quadro pode se agravar ao longo dos anos”, esclarece Carlos Moraes, ginecologista e obstetra de São Paulo (SP).
“Exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética (RM) de pelve, ajudam no diagnóstico e no mapeamento dos focos de endometriose. Assim, ajudam a definir qual será o procedimento ideal a seguir”, acrescenta o médico.
Conheça os seis principais mitos e verdades sobre a doença!
A endometriose não apresenta sintomas típicos
Mito. Há mulheres que relatam dores fortes enquanto outras não sentem grandes desconfortos. Porém, de modo geral, os sintomas mais comuns são: cólicas menstruais intensas, dor pélvica ou abdominal durante a relação sexual, dor difusa ou crônica na região da pelve e alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação.
“Já que muitas mulheres têm queixas semelhantes, isso faz com que os sinais sejam tidos como normais e não preocupantes”, alerta Moraes.
A endometriose não tem cura
Verdade. Mesmo não havendo cura, ela precisa ser tratada. Por ser uma doença crônica, ela demanda acompanhamento, principalmente durante a vida reprodutiva da mulher, quando a doença manifesta seus principais sintomas.
O tratamento depende da gravidade do quadro
Verdade. O tratamento clínico é feito com medicamentos hormonais, que podem incluir anticoncepcionais orais ou exclusivamente derivados sintéticos de um hormônio chamado progesterona.
“Porém, se houver formação de aderências e alterações importantes no posicionamento dos órgãos reprodutivos, pode haver indicação de cirurgia. Esta consiste na remoção das alterações na cavidade abdominal e, principalmente, junto aos órgãos reprodutivos”, ensina o médico.
A endometriose pode causar infertilidade
Verdade. A medicina ainda desconhece as causas que afetam a capacidade de engravidar. Entretanto, o processo inflamatório e as aderências que a doença provoca podem estar relacionados ao problema de infertilidade.
“Quando não tratada, a endometriose pode evoluir, dificultando a gravidez. Cerca de 35% das mulheres inférteis podem ter endometriose. E das mulheres com endometriose, 40% podem sofrer de infertilidade. Daí a importância do diagnóstico precoce”, reforça o especialista.
A endometriose é uma doença rara
Mito. Segundo a FEBRASGO, ela acomete cerca de 10% a 15% das brasileiras.
A endometriose pode migrar para outros órgãos
Verdade. Ela é uma doença progressiva e, quando não tratada, pode migrar e gerar aderências e novos focos da doença em órgãos próximos, como intestino, ovários e bexiga. Além disso, a doença pode ser um gatilho para o desenvolvimento de dores crônicas, que podem não melhorar nem com o uso de medicações.