
Você já evitou ir a um determinado lugar, falar com alguém ou mesmo postar algo nas redes sociais com medo de se expor e de ser julgado? Apesar de tais atitudes serem, geralmente, frutos da timidez, elas também são sintomas da chamada ansiedade social. Basicamente, o que ocorre é um grande desconforto durante situações de interação social.
“Ao contrário da timidez, o sofrimento trazido afeta escolhas afetivas e profissionais, influenciando negativamente a vida do indivíduo”, diferencia Cristiane Romano, fonoaudióloga, mestre e doutora em Ciências e Expressividade pela Universidade de São Paulo (USP).
A especialista explica que o pavor de ser avaliado impede que o indivíduo consiga se expressar diante de pessoas desconhecidas. “Ele prefere se isolar e passa a evitar eventos sociais. Falar em um seminário ou ministrar uma palestra, então, é uma tarefa praticamente impossível”, exemplifica.
Nas relações afetivas, quem tem ansiedade social, também se sente travado para manter uma conversa com alguém do gênero pelo qual se sente atraído. O medo é de ser desagradável ou de agir de maneira pouco carismática. “Isso se transforma em um intenso sofrimento e, consequentemente, faz com que o portador de ansiedade social evite a intimidade e encontre dificuldades para construir um relacionamento amoroso”, diz Romano.
Já no trabalho, o transtorno faz com que a pessoa não fale sobre as suas qualidades e, ao se sentir rejeitada, passe a duvidar de suas capacidades.
Problemas no trabalho
Para uma comunicação eficiente, é necessário olhar nos olhos de quem se conversa. Tal atitude, porém, também é um martírio para quem sofre do distúrbio, com exceção quando a conversa é com amigos, parentes ou pessoas já próximas.
Além da inibição e falta de confiança, outro sintoma é a dificuldade de lidar com figuras de autoridade e chefes. Isso porque quem sofre do distúrbio já prevê que será avaliado negativamente por seus superiores.
“Atender ao telefone pode ser torturante e o nervosismo faz com que não haja clareza suficiente na fala. O medo de falar algo que não se deve e a ansiedade de não saber como dar continuidade à conversa, especialmente sem o auxílio da linguagem corporal, fazem com que essas ocasiões sejam evitadas”, complementa Cristiane.